A Prefeitura de Pelotas, por meio da Secretaria de Assistência Social (SAS), fez a entrega de fogões, colchonetes, cesta de alimentos e de higiene a 113 famílias atingidas pela enchente de maio. A ação teve início nesta terça-feira (6) e foi finalizada na nesta quarta (7). Foram 43 kits moradores do Pontal da Barra; 34 das Doquinhas; 30 da Colônia Z3; e seis da Balsa.
A coordenadora da Proteção Básica da SAS, Raquel Nebel, explicou que mais de 300 famílias precisam de ajuda para reconstruir suas casas e mobiliá-las. Por isso, quando a Prefeitura é consultada pelas empresas, é preciso utilizar critérios bem definidos para que ninguém seja ou se sinta lesado. Desta vez foram contempladas famílias que tiveram a casa invadida pela água e ficaram desabrigadas ou desalojadas, não possuem renda (ou ficaram sem recursos financeiros em função da enchente), foram acompanhadas por assistentes sociais da Prefeitura e ainda não haviam sido beneficiadas com outras doações.
A pescadora e líder comunitária do Pontal da Barra, Marilanda Fonseca, a Preta, está há 98 dias na casa de uma amiga no Areal. A casa dela foi arrastada com tudo o que tinha dentro para o banhado. “A gente não se reestabeleceu da enchente de setembro [do ano passado], tivemos só três meses de folga, e veio outra pior”, avalia. Além dos móveis, roupas e utensílios da casa, a água também levou os equipamentos de trabalho, como os freezers da peixaria que tinha, o que inviabiliza o trabalho e a geração de renda. “Eu fui muito bem recebida, a minha amiga disse que eu posso ficar pelo tempo que eu precisar, mas imagina o que é para uma pessoa ficar na casa de outra sem trabalhar, sem ganhar nada”, lamentou Preta. “Comida não falta, nós estamos bem abastecidos, a Assistência Social sempre leva”, disse, ao lembrar que ainda não conseguiu receber o auxílio reconstrução, que possibilitaria começar a recuperar a casa e a peixaria.
Com a enchente de setembro, o acesso ao Pontal ficou fechado por cinco meses. A estrada foi liberada em 27 de janeiro. Pouco mais de três meses depois, as águas vindas do norte da Lagoa dos Patos causaram uma situação ainda mais grave. Preta contou que “pescador está acostumado com água”, mas que nunca tinha visto algo como aconteceu em maio. Ela disse que mesmo com água na cintura (ou mais), ela não saía de casa. Em setembro a pescadora levantou o que tinha em casa, inclusive a cama e o fogão, e seguiu no local. Desta vez, no entanto, a água chegou a 2,10 metros, o que inviabilizou a permanência. Hoje, muitas famílias já conseguiram voltar para casa, ainda que sigam sem portas e janelas. Outras, como é o caso dela, não têm mais nem as paredes.
A Prefeitura vem buscando parcerias com a iniciativa privada para que as famílias se restabeleçam. O Sicredi ofereceu geladeiras, balcões de pia e guarda-roupa a 60 famílias da Z3 e a seis do Pontal. A Equatorial repôs geladeiras de 20 moradores do Pontal inseridos no Cadastro Único, classificados como baixa renda e com a conta de luz em seu nome. Porém, muitas famílias dividiam postes e não possuem cadastro com a empresa.
O esforço da SAS é para mobiliar todas as casas atingidas. Além das empresas, pessoas físicas que queiram doar móveis e eletrodomésticos novos ou em bom estado podem entrar em contato com a SAS, que encaminhará para onde é necessário.
Por Assessoria de Imprensa
Foto Michel Corvello