Gaúcha encarou italiana Bellandi, número 1 do mundo nos 78kg do judô

No penúltimo dia de disputas individuais do judô, Mayra Aguiar foi eliminada cedo e ficou sem medalhas. A expectativa estava alta para Mayra Aguiar, uma das maiores do judô brasileiro, com três medalhas de bronze olímpicas nas últimas três edições dos Jogos. No entanto, após um ciclo olímpico marcado por lesões, Mayra se afastou das competições e caiu no ranking mundial, o que resultou em um difícil sorteio para a categoria até 78 kg em Paris.

Na estreia, Mayra enfrentou a italiana Alice Bellandi, atual número um do mundo. A luta foi equilibrada e decidida apenas no golden score, com Bellandi vencendo por waza-ari e eliminando as chances de pódio da brasileira.

“A derrota é dura. É muito ruim. Dói para caramba, é amarga, é doída, é um saco. Eu não gosto de perder nem brincadeira, imagina um negócio que a gente se doa tanto. Doa saúde, tempo de família, parte mental. É uma dieta rígida e restrita, treinar todos os dias com dor. Então não é só hoje, é o ciclo olímpico inteiro que é uma luta. E quando acaba assim, dessa forma, é muito ruim. Mas eu sei também que em todas as vezes que doeu muito, seja dentro do tatame ou fora, eu sempre levantei muito forte. Quanto mais dói, mais a gente se fortalece, e talvez eu esteja me apegando nisso agora. A gente aprende muito rápido a renovar as coisas. Seja em uma vitória ou em uma derrota, eu nunca parei muito tempo para comemorar, ou ficar aflita, baixar a cabeça e chorar. Óbvio que a gente tem que fazer isso, deixar sair esse sentimento, mas é uma coisa que sempre levei pra mim. É pegar as coisas boas que passaram e pensar na frente. Pensar no que posso melhorar como atleta e como pessoa”, disse Mayra após a eliminação, em depoimento à Confederação Brasileira de Judô (CBJ).

Mayra também refletiu sobre os limites do próprio corpo e revelou o motivo de seu afastamento das competições recentes. 

“Já passei do meu limite. Já tem um tempo que eu venho mentindo para o meu corpo. Mentindo que está tudo bem. Tenho várias cirurgias e a primeira foi com, sei lá, 16 ou 17 anos. Eu ainda sinto ela, e as próximas. Aprendi a treinar e a lutar assim, mas nos últimos anos vem sendo mais difícil. Não adianta, é um preço que a gente paga. Não dá pra brigar tanto com nosso corpo, temos nossos limites. Mas eu fui até onde consegui, até onde o corpo deixou e não deixou também. Eu tentei, até por isso que fiquei um pouco mais fechadinha. Talvez tenha sido mais difícil por isso. Por brigar com meu corpo mais do que eu estou acostumada a fazer. E não tinha como eu fazer muita competição. Acho que essa foi a maior luta”, completou.

Mayra Aguiar, aos 32 anos, possui um currículo notável com três medalhas de bronze em Jogos Olímpicos, tricampeã mundial na categoria 78 kg e um total de oito medalhas em campeonatos mundiais de judô.

Por: Agência Brasil

Foto: Miriam Jeske/COB