Para homenagear as 242 vítimas que perderam a vida no incêndio, os 636 feridos e a todos os familiares e amigos, se iniciará a construção de um memorial da Boate Kiss feito no mesmo prédio onde funcionava a boate. As obras terão início 11 anos e 6 meses depois da tragédia que marcou o Rio Grande do Sul.
Familiares, sobreviventes e outros entes queridos estarão presente durante o início das obras nesta quarta-feira que irão se extender até as 17h. As ações começaram com a retirada do letreiro da boate e das portas.
"A gente entende que o memorial, para além de uma construção feita de tijolo e cimento, é uma construção que se inicia na palavra e carrega muito a história consigo", afirma o presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Gabriel Rovadoschi Barros.
O memorial terá uma área de 383,65 metros quadrados. Serão três salas (um auditório com capacidade para 142 pessoas, uma sala multiuso e uma sala que será a sede da AVTSM). Além disso, o espaço contará com um jardim circular ao centro com 242 pilares de madeira em volta – cada um representa uma vítima. Elas conterão o nome de cada vítima e um suporte de flores. O projeto é do arquiteto paulista Felipe Zene Motta.
"Hoje ficou aquela ruína de boate, aquele monstro que todo mundo passa e remete imediatamente à tragédia. E por mais que o memorial tenha o objetivo de transformar aquele lugar numa coisa que transmita uma paz para os familiares, que dê algum tipo de conforto se é que isso é possível para eles, essa memória da tragédia não pode ser apagada", afirma o arquiteto.
"Este memorial, além dele lembrar a tragédia e homenagear as vítimas, também vai ser um marco à prevenção, porque ele já vem com um pré-aviso que, a partir de agora, dessa era da construção do Memorial às vítimas da Kiss, a associação vai intensificar a questão da prevenção", afirma o pai de uma das vítimas, Flávio Silva.
Por Augusto Lettnin Ferri
Foto Tomaz Silva/Arquivo