O ex-presidente Jair Bolsonaro usou benefícios sociais como estratégia eleitoral em 2022, segundo a Controladoria-Geral da União (CGU). Uma auditoria da CGU revelou que o governo Bolsonaro pagou R$ 9,77 bilhões em auxílios financeiros entre agosto e outubro, período que coincide com as eleições presidenciais. Esse valor representa 84% do total de R$ 11,65 bilhões previstos para o ano.
Os benefícios analisados pela CGU foram o Auxílio Brasil, o Auxílio Caminhoneiro e o Auxílio Taxista. Esses programas ofereciam empréstimos consignados, ou seja, com desconto direto na folha do benefício, para pessoas de baixa renda. No entanto, a auditoria constatou que houve muitos pagamentos indevidos e irregulares.
Por exemplo, no Auxílio Taxista, 78% dos beneficiários não tinham carteira de habilitação, requisito obrigatório para receber o recurso. No Auxílio Brasil, 93% dos contratos de empréstimo foram feitos em outubro, mês das eleições. Além disso, os juros cobrados dos beneficiários foram muito altos: 51,11% ao ano.
O ministro da CGU, Vinícius de Carvalho, disse que houve um uso inadequado dos benefícios durante o período eleitoral e que a CGU vai apurar as responsabilidades e os possíveis desvios. Ele também disse que os dados serão enviados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para investigar se houve abuso de poder econômico por parte de Bolsonaro.
Foto: Andressa Anholete/GETTY
Renan Ferreira (estagiário sob supervisão de Paola Fernandes).