Reclusa nos últimos anos, a cantora recebeu um diagnóstico de câncer de pulmão em 2021. Após tratamentos, em abril de 2022, a doença teria entrado em remissão.
Antes do seu estado de saúde decair, Rita escreveu sua morte de forma irreverente em uma bela obra a sua altura: "Quando morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta. Algumas rádios tocarão minhas músicas sem cobrar jabá. Fãs, esses sinceros, empunharão meus discos e entoarão "Ovelha Negra", as TVs já devem ter na manga um resumo da minha trajetória. Nas redes virtuais, alguns dirão: "Ué, pensei que a véia já tivesse morrido, kkk".
Em sua autobiografia, a cantora relata trechos da sua vida desde a sua infância e adolescência, o abuso de álcool e drogas, além de um profundo desabafo marcado por um incidente de estupro sofrido aos seis anos de idade.
Em relato no livro "Verdade Tropical", Caetano Veloso diz: "Ela era extremamente bonita, e a união de sangue italiano por parte de sua mãe, com o americano por parte de pai, lhe dava um ar de liberdade. Ela é a completa tradução da cidade de São Paulo, de onde ela nasceu".
Tal como Caetano descreveu, a cantora era a filha mais nova de um desenhista americano e uma dona de casa de ascendência italiana. Rita Lee Jones de Carvalho nasceu no dia 31 de dezembro de 1947 na cidade de São Paulo, e ainda adolescente, deixou sua vida tranquila no bairro da Vila Mariana para seguir a carreira musical. No fim dos anos 60, passou a fazer parte do grupo Os Mutantes, ao lado dos irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias. Após sua saída de Os Mutantes, deu início a uma gloriosa carreira solo, além do namoro com o seu futuro marido, Roberto de Carvalho, na época, guitarrista do cantor Ney Matogrosso.
A cantora rodou o mundo com os grandes sucessos de sua carreira "Agora só falta você", "Ovelha Negra", "Doce Vampiro", e a música que lhe deixou um grande legado de Rainha do Rock, "Esse tal de Roque Enrow".
A irreverência, sua característica mais marcante, a fez rejeitar o título de Rainha do Rock brasileiro. No fim do ano passado, em entrevista à revista Rolling Stone Brasil, Rita confessou que considerava o apelido cafona. Afirmou ainda que preferia ser conhecida como Padroeira da Liberdade. Camaleoa, ela foi muitas mulheres e ao mesmo tempo única. De Miss Brasil 2000 a eterna rainha do tropicalismo.
Rita Lee faleceu na madrugada desta segunda-feira (8), aos 75 anos, em sua residência na capital Paulista, cercada de muito amor e da compahia de sua família, declarou um de seus filhos através das redes sociais. Seu corpo será velado em duas cerimônias, uma aberta ao público no Plenário do Parque Ibirapuera, e outra em cerimônia particular, onde seu corpo será cremado de acordo com a vontade da cantora.
Rita Lee Jones de Carvalho deixa seu esposo Roberto de Carvalho, e três filhos: Roberto, João e Antonio Lee. Além de sua família, deixa também uma legião de órfãos por todo o mundo.
Foto: Divulgação de lançamento da autobriografia/Rita Lee
Por: Lidiane Lopes (estagiária sob supervisão de Igor Islabão).