A Comissão Estadual para a Erradicação do Trabalho Escravo (Coetrae) foi imediatamente acionada, a partir da articulação do grupo de trabalho criado por ordem de serviço do governador Eduardo Leite, após o caso ocorrido em Bento Gonçalves.
Outras três ações de desmonte ao trabalho análogo ao escravo foram feitas no estado de Minas Gerais e São Paulo. A terceira, um trabalhador monitorado pela Justiça com tornozeleira eletrônica, foi resgatado nas mesmas condições análogas ao escravo em um sítio na região de São José do Herval, Norte do Estado. O homem de 59 anos, que cumpria pena por um crime, era impedido de deixar o local em razão do monitoramento. Segundo os fiscais, ele pagava cerca de R$100 mensais para trabalhar e ficar alojado ao lado de um chiqueiro de porcos. De acordo com a Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae) do MTE, o resgatado é analfabeto e trabalhava como caseiro no sítio enquanto cumpria pena. Equipes das duas secretarias estaduais deverão se deslocar para Uruguaiana nesta segunda-feira (13) para acompanhar no local os desdobramentos do caso e colocar à disposição todos os serviços de direitos trabalhistas.
Entenda o caso
Uma operação realizada nesta sexta-feira (10) resgatou 82 pessoas em situação semelhante à escravidão em duas fazendas de arroz no interior do município de Uruguaiana, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. A operação foi realizada em conjunto pela Polícia Federal (PF), Ministério Público do Trabalho e a Gerência Regional do Trabalho. Conforme a PF, os resgatados são todos homens, sendo 11 deles adolescentes, com idade entre 14 e 17 anos. A operação foi realizada nas estâncias Santa Adelaide e São Joaquim. Na sexta-feira, o número oficial de resgatados era de 56 pessoas. O número foi atualizado para 82 nesta segunda-feira (13). De acordo com o Ministério Público do Trabalho, os trabalhadores eram da própria região, vindos de Itaqui, São Borja, Alegrete e Uruguaiana. Os trabalhadores teriam sido recrutados por um agenciador de mão de obra que atuava na Fronteira Oeste.
De acordo com os funcionários dos órgãos de fiscalização, as condições de trabalho eram degradantes e incluíam comida azeda, não fornecimento de água e caminhadas de cerca de uma hora sob o sol escaldante para chegar ao local em que desempenhavam as atividades. O valor do serviço era de R$100 diários, além da comida e as ferramentas de trabalho serem pagas por conta dos funcionários. O responsável pela contratação da mão de obra foi preso em flagrante.
Foto: ASCom Polícia Federal
Lidiane Lopes
(Estagiária sob supervisão de Igor Islabão).