A Inteligência Artificial como ferramenta de empoderamento para farmacêuticos em Pelotas
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Publicado em 25/04/2024

por Isabella Barcellos 

 

O uso de Inteligência Artificial pode parecer assustador ou confuso para grande parte das pessoas, algo digno de ficção científica, enquanto para outras já é parte da rotina. Desde março deste ano, a equipe de farmacêuticos do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel) conta com a ajuda cotidiana da NOHARM.AI: um sistema inteligente que analisa a prescrição de medicamentos e cruza informações de bancos de dados para orientar a tomada de decisão dentro da farmácia clínica. A inteligência artificial alerta sobre interações medicamentosas, possíveis efeitos colaterais para o paciente, entre outras informações. 

O que há por trás da ferramenta

A Inteligência Artificial é uma área dentro dos estudos da computação que desenvolve softwares com a intenção de replicar a lógica e a aprendizagem humana para solucionar problemas e buscar informações a partir de bancos de dados e aprendizagem de máquina. O que parece sair diretamente de filmes de ficção científica já faz parte da realidade em ferramentas de reconhecimento facial, assistentes de voz como AlexaSiri, algoritmos em plataformas de mídias sociais, etc. Ferramentas que se utilizam da Inteligência Artificial adquirem novos dados a partir da exposição ao usuário. Logo, o uso de um software dentro do ambiente hospitalar acaba se tornando uma ideia convidativa. “ A inteligência artificial existe para nos ajudar” , afirma Nathalie Aquino, programadora do setor de tecnologia da informação do HE - UFPel, “Serve para nos ajudar no trabalho, especialmente no trabalho repetitivo que nos demanda muito tempo de análise [...] No caso da NOHARM.AI, ela já está há algum tempo no mercado e ainda tem muito espaço para se desenvolver ” .

A NOHARM.AI foi desenvolvida em 2019 a partir do projeto de pós-graduação de Henrique Dias, que na época era aluno da Escola Politécnica da PUCRS. Em parceria com Ana Helena Ulrich, farmacêutica clínica e doutora em química pela UFRGS, a plataforma auxilia a tomada de decisão dentro da farmácia clínica a partir do cruzamento de dados de referência para profissionais da área. Uma ferramenta pensada e desenvolvida para farmacêuticos. 

A perspectiva farmacêutica

“Ele se tornou indispensável para a nossa análise” afirma Kátia Bacelo, chefe do setor de farmácia do HE - UFPel, “Os alertas, as informações que ele transmite seriam impossíveis de alguém entregues por alguém com a mesma agilidade, ele teria que consultar muitas fontes”. No entanto, Bacelo pontua que as informações oferecidas pelo software precisam passar pelo olhar de um profissional capacitado. Algumas das informações oferecidas não tem como referência pacientes que estejam na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), por exemplo. “Antes, quando a gente tinha alguma dúvida [sobre prescrições médicas] , se recorria a alguns sites na internet pra tentar entender melhor. Mas às vezes esses sites eram focados apenas em informações sobre doses e tratamentos mas não traziam informações sobre a estabilidade do medicamento ou incompatibilidades com outros compostos. Era preciso recorrer à literatura e outros sites, mas essa informação fica muito compartimentada”, relata Patrícia Trust, farmacêutica clínica do HE - UFPel, “O NOHARM.AI veio pra unificar essas informações. Quando eu abro a tela, além de enxergar o paciente e os últimos exames dele, com atualizações dos resultados, eu também enxergo os medicamentos prescritos. Além disso, ele já tem cadastrado os dados científicos que nós utilizamos como referência aqui no Hospital Escola”. Logo, o cruzamento de dados permite uma visão personalizada e ampla sobre os casos em supervisão, o que otimiza processos e viabiliza ao farmacêutico estar mais próximo do paciente. A plataforma ainda está em fase de adaptação, mas tem garantido a confiança destes profissionais pelotenses. Por se tratar da inserção da tecnologia em ambiente hospitalar, é necessário aderir às novidades com cautela. “O errar faz parte da nossa natureza, né? Trabalhando com vidas, a taxa de falha tem que ser próxima a zero”, pontua a chefe da farmácia. 

 

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