O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), planeja se encontrar com Jair Bolsonaro (PL) para tentar convencê-lo a mudar de ideia em relação ao projeto de reforma tributária em discussão na Câmara dos Deputados. Bolsonaro tem sido uma das vozes mais contrárias à reforma e instruiu seus aliados do PL a votarem contra o texto apresentado pelo relator Aguinaldo Ribeiro (Proguessistas). Nas últimas eleições, o PL conquistou a maior bancada na Casa, com 99 membros.
A iniciativa de Tarcísio ocorre após sua reunião na quarta-feira (05) com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para negociar pontos que têm impedido o apoio de São Paulo à reforma. Segundo relatos, ambos concordaram em buscar um texto de consenso que permita a votação na Câmara, pelo menos em primeira instância, até sexta-feira, dia 7. Tarcísio também se encontrou com o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas), e com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
Nos últimos dias, Tarcísio tem expressado a diferentes interlocutores seu apoio à reforma, mas ressalta a necessidade de "ajustes" no texto para garantir o apoio de São Paulo. Entre as preocupações, o governador questiona a criação de um Conselho Federativo para gerir os recursos arrecadados pelo novo imposto, que incluiria o ICMS (de competência estadual) e o ISS (municipal). Ele argumenta que isso representaria uma perda de autonomia para os estados.
Tarcísio assumiu uma posição central no cenário político durante a reta final da votação da reforma tributária. Inicialmente, o governador evitou interferir para não ser acusado de bloquear a reforma, mas agora se tornou um elemento-chave. Nesse movimento, ele angariou críticas que resultaram em modificações no relatório de Ribeiro, muitas delas com o apoio de governadores do Sul e do Sudeste. Isso fortaleceu sua posição nas negociações.
Foto: Tomzé Fonseca/Futura Press
Texto: Pablo Bierhals (estagiário sob supervisão de Paola Fernandes)