Especialistas afirmam que declarações de Lula sobre Venezuela prejudicam imagem do Brasil
Últimas Notícias
Publicado em 05/07/2023

De acordo com especialistas, algumas falas do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), podem prejudicar a imagem do Brasil como democracia. Nas últimas semanas, Lula defendeu uma reaproximação com a Venezuela e disse que o país vizinho, presidido por Nicolás Maduro, é alvo de narrativas.

No final da semana passada, ocorreu a inabilitação da ex-deputada venezuelana María Corina Machado, considerada pelas pesquisas como a principal candidata da oposição para as eleições presidenciais do próximo ano. Como resultado dessa decisão, ela foi tornada inelegível por um período de 15 anos.

O governo Lula já defendeu a necessidade de que as eleições presidenciais de 2024 sejam limpas, justas e transparentes na Venezuela, acreditando que manter o canal de diálogo aberto com Caracas, capital venezuelana, é fundamental para participar do processo político no país, sendo essa uma das principais prioridades de Lula no âmbito da política externa. Segundo informações, o governo do Brasil  também sustenta a convicção de que se distanciar da Venezuela pode abrir espaço para uma maior influência de nações como Rússia e China na região.

Sobre as alegações de que a Venezuela seria vítima de narrativas, o professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, Pio Penna, diz que "a posição brasileira já prejudicou o país, porque defende-se o indefensável". Na visão de Hussein Kalout, ex-secretário especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e pesquisador da Universidade Harvard, é importante que o presidente defenda o não isolamento da Venezuela, mas salienta que é preciso esclarecer que o país não concorda com a metodologia empregada pelo regime. O chanceler chileno, Alberto Van Klaveren, também se manifestou em uma rede social, dizendo que "os problemas da democracia se reolvem com mais democracia".

No Mercosul, a Argentina está alinhada com o Brasil, mas ambos países divergem de Paraguai e Uruguai sobre o assunto. O presidente chileno, Gabriel Boric, no campo ideológico de centro-esquerda, também já se manifestou condenando violações de direitos humanos que seriam cometidas na Venezuela.

 

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Texto: Pablo Bierhals (estagiário sob supervisão de Paola Fernandes)

Comentários