O primeiro semestre letivo está chegando ao fim, mas os problemas perdidos em escolas municipais de Pelotas parecem longe de serem resolvidos. Pelo menos duas instituições enfrentaram sérios riscos à segurança dos alunos, levando à suspensão das aulas. Na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Getúlio Vargas, as atividades estão totalmente paralisadas devido aos problemas perdidos.
A escola, que conta com 368 alunos do primeiro ao quinto ano do Ensino Fundamental, já apresentava problemas desenvolvidos há algum tempo. Uma funcionária, que prefere não se identificar, relata que a escola vinha sofrendo com o desgaste do assoalho e do forro, além de problemas no muro. Pequenos incidentes, como uma aluna que ficou com a perna presa em um queixo quebrado, já ocorreram. No ano passado, uma sala já havia sido interditada, com a promessa de que a escola passaria por reformas, mas as obras não foram iniciadas.
A situação piorou recentemente com o agravamento do estado do muro do pátio, onde as crianças brincam. Atualmente, o muro está sustentado por estacas de madeira. A suspensão das aulas na Emef Getúlio Vargas tem gerado angústia entre os familiares e a comunidade. Carlos Oliveira, coordenador do projeto Jovem Atleta, sediado no bairro da escola, relata a preocupação dos pais dos cerca de 30 alunos do projeto. "Os pais estão desesperados porque têm que trabalhar, e a escola e o projeto eram locais seguros para deixar os filhos. Estamos tentando encontrar uma maneira de ocupar o tempo das crianças durante essa paralisação", afirma Oliveira, que está organizando uma reunião com os pais dos alunos para buscar soluções em conjunto com as autoridades públicas.
A doméstica Franciene Santos, 38, mãe de um aluno da Emef, compartilha a preocupação com o futuro do filho, que já sente dificuldades de adaptação no passado. "Ele estava bem adaptado e agora está preocupado. Ontem à noite, ele chorou por não poder ir à escola. Se não conseguirem resolver essa situação, ele terá que ir para uma escola nova com pessoas e colegas desconhecidos", lamentou.
A situação na Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Antônio Caringi, no bairro Três Vendas, é semelhante. Em março deste ano, a escola teve o início do ano letivo adiado devido a problemas dolorosos, incluindo rachaduras nas paredes. Após a interdição inicial, as atividades foram retomadas, mas duas salas permanecem interditadas. As crianças da turma materna passaram a dividir uma sala para garantir alguma segurança, enquanto uma turma de pré-escola teve as aulas práticas para o refeitório. As aulas em período integral para o maternal foram reduzidas para um único turno.
Na época, a Prefeitura anunciou que estava buscando um novo prédio para realocar os 160 alunos da escola. No entanto, as medidas improvisadas se tornaram permanentes, gerando permissão entre os pais. Josy Tulicoski, atendente de 35 anos e mãe de uma aluna, comenta: "Tudo continua igual. Prometeram resolver, mas ficou por isso mesmo. Infelizmente, nos acostumamos com essa situação, mas não deveria ser assim." Natasha Freitas, profissional de controle de qualidade de 30 anos e mãe de dois alunos da escola, também expressa sua preocupação: "Meu filho mais novo teria aulas o dia todo, mas agora é apenas no período da tarde. Isso porque dificulta o trabalho o dia inteiros, meus pais são idosos e também prejudicam a educação dos meus filhos”, lamenta.
A Secretaria Municipal de Educação e Desporto (Smed), por meio de sua assessoria de comunicação, se pronunciou sobre a situação das duas escolas. Em relação à Emef Getúlio Vargas, a Smed informou que identificou a necessidade de substituição do assoalho, forro, madeiramento e piso de algumas salas entre 2018 e 2019. As reformas foram realizadas, mas as estruturas da escola estavam novamente comprometidas por condições climáticas adversas, gerado no atual estado precário. A Smed tomou a medida de interdição assim que foi afetada pela situação e está buscando um novo prédio próximo para hospedar temporariamente a escola. A secretária de educação, Adriane Silveira, explicou que o departamento de engenharia já está trabalhando em um projeto para a construção de uma nova escola, mas não há prazo definido para o início ou duração das obras. Caso o prédio temporário fique em outro bairro, a secretaria assegurou que o transporte será providenciado aos estudantes. A aguardar é que, após as férias de julho, o novo local já esteja disponível, permitindo a recuperação dos dias letivos perdidos.
Quanto à Emei Antônio Caringi, a Smed confirmou que as duas salas permanecem interditadas até a conclusão das necessárias. O projeto de reforma das salas está em elaboração e a previsão é de que o processo de licitação seja iniciado no segundo semestre de 2023. A secretaria reforça o compromisso de solucionar os problemas e garantir um ambiente seguro para as crianças.
A situação das escolas municipais de Pelotas evidencia a necessidade urgente de investimentos e manutenção adequada das infraestruturas educacionais. A segurança e o bem-estar dos alunos devem ser prioridades, e é fundamental que as autoridades competentes atuem para resolver essas questões e garantam um ambiente propício para o aprendizado.
Foto: Diário Popular.
(estagiária sob supervisão de Paola Fernandes)