Fóssil de animal que conviveu com dinossauros é encontrado no Rio Grande do Sul
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Publicado em 06/02/2023
Um novo fóssil de cinodonte, linhagem que inclui ancestrais dos mamíferos atuais, foi encontrado em São João do Polêsine, na região central do estado.  
 
Um estudo desenvolvido por pesquisadores do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Universidade Federal de Santa Maria (CAPPA/UFSM) e do Museu Argentino de Ciencias Naturales “Bernardino Rivadavia” (Buenos Aires) foi publicado no periódico científico Journal of Mammalian Evolution,  e descreve um novo espécime de cinodonte, no qual se trata do mais completo espécime de Prozostrodon brasiliensis, sendo considerado um dos crânios de cinodontes melhor preservados do mundo para a idade (Carniano 237–227 milhões de anos atrás).
 
O crânio possui a região posterior preservada, o que até então era desconhecido, e agora permite uma maior compreensão das transformações anatômicas cranianas ocorridas nesses animais, antes do desenvolvimento das características mamalianas.
 
Segundo os pesquisadores, esse pequeno animal teria o peso de um pouco mais de um quilo e aproximadamente 40 centímetros de comprimento. Estima-se que, devido à sua dentição, teria uma dieta alimentar predominantemente carnívora/insetívora, alimentando-se de insetos e de animais menores. Possivelmente, o Prozostrodon brasiliensis era uma presa de animais maiores, como os próprios dinossauros. 
 
O Rio Grande do Sul é referência mundial quando se trata de fósseis dos “tataravôs” dos mamíferos. O mais novo a ser encontrado representa o quarto espécime de Prozostrodon brasiliensis conhecido. O primeiro da espécie foi coletado na década de 1980, em Santa Maria. Originalmente, foi nomeado de Thrinaxodon brasiliensis, em razão das semelhanças morfológicas com a espécie africana Thrinaxodon liorhinus, mas novo estudo reavaliou o fóssil em gênero diferente, passando a ser chamado de Prozostrodon brasiliensis. O segundo registro foi descrito em 2017, encontrado em São João do Polêsine, e o terceiro, registrado em 2020, encontrado no mesmo sítio do primeiro, em Santa Maria. Já o novo registro da espécie foi encontrado também no município de São João do Polêsine (território do Geoparque Quarta Colônia Aspirante Unesco), durante a preparação mecânica laboratorial de um grande bloco rochoso de aproximadamente uma tonelada, contendo o esqueleto quase completo do dinossauro predador Gnathovorax cabreirai e espécimes de rincossauros (réptil herbívoro).
 
O trabalho de pesquisa faz parte da tese de doutorado da paleontóloga Micheli Stefanello, doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal da UFSM, sob orientação do Prof. Dr. Leonardo Kerber e contribuição técnica dos paleontólogos Agustín G. Martinelli, Rodrigo T. Müller e Sérgio Dias-da-Silva.
 

Yasser Hassan

(Estagiário sob supervisão de Lisandra Reis).

 
 
 
 
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