Aconteceu nesta segunda-feira (9) uma reunião na sede da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul) envolvendo os prefeitos e secretários da agricultura, para debater medidas para combater a estiagem.
Além de representantes dos 22 municípios que compõe a zona sul, esteve presente o gerente regional da Emater/RS Pelotas, Ronaldo Maciel e a Major Vanessa Wenitt, da Defesa Civil do Estado.
De forma remota, a meteorologista Cátia Valente, falou sobre os prognósticos para os meses de janeiro, fevereiro e março na região. Segundo as previsões, as chuvas devem continuar irregulares em todo o estado e o déficit hídrico deve permanecer até o outono, quando as condições voltam à normalidade. As temperaturas devem seguir acima da média, principalmente em fevereiro, o que, combinado com a pouca chuva, mantém o déficit. A meteorologista afirma que, na região sul, pode acontecer de níveis elevados de chuva serem registrados, mas a irregularidade das precipitações mantém o estado de alerta.
Prejuízos
Segundo os dados da Emater/RS, municípios da zona sul do Estado decretaram situação de emergência pela estiagem nos três últimos anos.
No último levantamento, feito até a sexta-feira (6), os prejuízos em sete municípios da região (Arroio Grande, Herval, Capão do Leão, São José do Norte, Piratini, Pinheiro Machado e Pedras Altas) chegaram a mais de R$350 milhões. Só em Piratini, as perdas já últrapassam os R$100 milhões. De acordo com o gerente regional da Emater, se em 15 dias as chuvas não amenizarem a situação, os prejuízos já podem passar de R$1 bilhão.
As maiores perdas são registradas, em geral, no milho silagem, abóbora cabotiá, milhão em grão, feijão, soja e bovinos de corte.
De acordo com o presidente da Azonasul e prefeito de Cerrito, Douglas Silveira (PP), as perdas já superam esses dados.
Demandas dos municípios
Na abertura das explanações dos representantes dos municípios presentes na reunião da Azonasul, o presidente Douglas Silveira, mencionou a dificuldade dos produtores de acessarem os recursos com seguradoras e a falta de indenização dos produtores, quanto aos prejuízos. Silveira reiterou a necessidade de políticas de abastecimento. Ele menciona que não existe prevenção À estiagem, sem acesso à irrigação.
Pelotas
A prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) afirmou que fez uma reunião com representantes dos produtores e que eles pediram mais tempo para avaliar os efeitos da estiagem, antes de fazer o decreto de situação de emergência. Ainda assim, a prefeita não descartou que, depois de uma nova reunião com os agricultores e pecuaristas, o decreto possa ser elaborado.
Paula ainda citou as dificuldades enfrentadas pelo município, que decretou a restrição do uso de água potável na sexta-feira (6), como a salinidade que chegou antes do previsto ao Arroio Pelotas - restringindo a quantidade de água disponível para a população - e que caminhões pipa já estão atendendo famílias do interior do município há mais de um mês.
Pinheiro Machado
O prefeito de uma das cidades da região que já decretou situação de emergência, Ronaldo Madruga (PP), falou da demora para a chegada do recurso ao produtor, onde na estiagem do ano passado, muitos só foram receber os valores em agosto. Madruga também propôs a disponibilização de um caminhão pipa regional.
Pedro Osório
O prefeito Chola (MDB) afirmou que os agricultores pediram para que ele não decretasse situação de emergência anteriormente, mas que, agora, estão demandando o decreto.
Herval
Esteve presente o vice-prefeito, Celso Silveira (PP), que detalhou a situação preocupante enfrentada pela cidade, onde as perdas são muito grandes e a área de soja não foi plantada, o que gera um prejuízo que afeta os produtores e que acaba não aparecendo nos dados oficiais.
Celso pediu para que sejam tomadas medidas de prevenção e que a reunião na hora do problema tem eficácia reduzida. Ele ainda reiterou o apoio da Defesa Civil e sugeriu o trabalho conjunto das prefeituras com os líderes sociais para conscientização da população.
Canguçu
O prefeito Vinicius Pegoraro (MDB) mencionou a demora na homologação dos decretos de emergência por parte do governo estadual e também na liberação dos recursos do Avançar na Agricultura, onde os municípios da região foram contemplados com a perfuração de poços artesianos, criação de açudes e cisternas.
São José do Norte
O vice-prefeito Neromar Guimarães, o Professor Nero (PSB) mencionou que nesta terça-feira (10) a Defesa Civil estadual vai receber o decreto elaborado pelo executivo nortense com a declaração da situação de emergência. Segundo ele, a safra de cebola não foi prejudicada pelo período de plantiu e o alto valor, mas que as estradas para escoamento das produções estão prejudicadas.
sugeriu o trabalho em cima de um planejamento para os agricultores estarem preparados para lidar com momentos adversos, como o atual.
Piratini
O secretário de agricultura do município, Leonardo Polina, pediu atenção aos casos de incêndio, que estão cada vez mais corriqueiros com a seca e a pouca quantidade de quartéis de bombeiros na região sul.
O presidente da Azonasul afirmou que uma reunião específica com os representantes do Corpo de Bombeiros Militar vai ser agilizada, para tratar do atendimento de incêndios na região e demandas específicas vão ser repassadas.
"Não ao ataque à democracia"
Os ataques terroristas à sede dos três poderes no DF, que ocorreram no domingo (8) também foram pautados pelos prefeitos presentes na reunião da Azonasul.
A Prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB) pediu que o órgão se manifestasse, através de nota, repudiando os atos registrados em Brasília.
O pedido foi acatado de pronto pelo presidente, Douglas Silveira e a nota foi emitida pela Azonasul no início da tarde desta segunda-feira (9). Nela, foi pautado que a instituição entende que a liberdade de manifestação não pode ser usada para atacar as instituições públicas, com depredações e prejuízos ao patrimônio. Os membros da Azonasul defenderam que os atos de violência precisam ser punidos com rigor.
Francine Neves