O Grêmio foi até La Plata, na Argentina, com uma única missão: vencer. Isso porque o Tricolor vinha de duas derrotas seguidas na Libertadores da América e uma terceira derrota eliminaria virtualmente a equipe. Para isso, tinha pela frente o tetracampeão Estudiantes, o melhor mandante da história da competição com, até a noite de ontem (23), apenas sete derrotas em solo argentino. 

Renato Portaluppi não tinha à disposição dois destaques da equipe: o centroavante Diego Costa e o ponta Pavon. A lateral esquerda também foi um problema, sem Mayk e Reinaldo machucados. O técnico e ídolo gremista decidiu levar a campo um time mais experiente, com algumas peças contestadas pela torcida, para aguentar a pressão dos mais de 30 mil torcedores argentinos. O time titular foi: Marchesín; João Pedro, Geromel, Kannemann e Fábio; Pepê, Villasanti e Cristaldo; Soteldo, JP Galvão e Galdino.

Primeiro tempo estudado

O Estudiantes começou pressionando. Os argentinos abriram o jogo e utilizaram muito as subidas dos laterais. Romero, aos 8 minutos, chutou forte de fora da área, mas a bola passou ao lado direito da meta de Marchesín. 

A partir dos 10 minutos, a equipe gaúcha subiu as linhas e começou a marcar a saída de bola. Pepê, que retornava ao time depois de lesão, começou a comandar o meio de campo. Aos 11 minutos roubou uma bola no ataque e tocou para Galdino. O atacante encontrou Cristaldo dentro da área, mas o meia não chutou forte e o goleiro fez fácil defesa. 

Aos 13 e aos 16 uma chance para cada lado. Correa e Fábio, respectivamente, chutaram de fora da área por cima da baliza. 

Aos 28, saiu a chance mais clara de gol. JP Galvão recebeu na ponta esquerda e acionou Soteldo que, dentro da área, teve dificuldades no domínio e finalizou em cima do zagueiro.

Aos 32 minutos começaria o drama. Geromel teve que sair com lesão no ombro esquerdo. Rodrigo Ely entrou em seu lugar. A partir de então o Grêmio baixou as linhas e esperou o Estudiantes que, com pouco ímpeto, não conseguiu mais agredir na primeira etapa.

Segundo tempo da imortalidade

Logo aos 6 minutos a melhor chance de gol da equipe Argentina. Correa avançou pela esquerda, driblou Ely e chutou forte de esquerda. Marchesín fez excelente defesa evitando o gol do Estudiantes..

O grêmio respondeu em seguida. Aos 8 minutos, Cristaldo, de fora da área, chutou forte e Mansilla fez a defesa.

Cristaldo dominava as ações gremistas. Em escanteio curto aos 11 minutos, Galdino recebeu na entrada da área e chutou em cima da defesa. No rebote, a bola voltou para ele que acionou Cristaldo, com uma bola a meia altura, dentro da área. O meia gremista viu o goleiro no chão e arriscou um voleio espetacular que explodiu no travessão. 

O drama estava se transformando em esperança, mas a expulsão de Villasanti foi um balde de água fria. O volante perdeu uma bola e pisou no adversário, recebeu o segundo cartão amarelo e o Grêmio precisaria jogar com um a menos a partir dos 20 minutos da etapa final. A essa altura o torcedor já estava pensando que o empate não seria um resultado tão ruim. Com esse resultado o Tricolor, precisaria de resultados paralelos para passar, mas não estaria morto.

O apelido de “Imortal” não é por acaso. São em situações como essa que o tricampeão da Libertadores mostra que a camisa pesa, e pesa muito. Renato Portaluppi mexeu no time. Colocou Dodi para preencher o meio campo e os guris da base, Gustavo Nunes e Nathan Fernandes, para sair nos contra ataques. Não é atoa que existe uma estátua do Portaluppi na esplanada da Arena. A estrela do único brasileiro campeão como jogador e técnico brilhou novamente. Nathan Fernandes roubou no campo de defesa e lançou Gustavo em velocidade. A joia gremista de 18 anos, não sentiu o peso do jogo, partiu para cima do zagueiro, foi à linha de fundo e cruzou. Nathan, que começou a jogada, estava lá, livre no segundo poste para empurrar a bola para o fundo das redes. Aos 30 minutos da etapa final a imortalidade tricolor escreveria um novo capítulo em sua história.

A partida ainda reservou emoção até o fim. Faltando 10 minutos para o apito final, Enzo Fernández chutou de fora da área, Carillo desviou na entrada da área e o goleiro Marchesín aceitou. Em campo, o impedimento do Centroavante foi marcado. Confirmado pelo VAR.

Renato preencheu o time com defensores para segurar os cruzamentos do Estudiantes. A equipe argentina não conseguiu levar perigo. A primeira vitória do Imortal Tricolor veio e ele está mais vivo do que nunca em busca do tetracampeonato.

O próximo compromisso é no sábado pela 4ª rodada do Brasileirão. O Grêmio enfrenta o Bahia, em Salvador, às 21h. Pela Libertadores o Tricolor encara o Huachipato na quarta-feira (08/05), às 19h, no Chile.

Por Gabriel Fritsch

Foto Alejandro Pagni/AFP