O grande volume de chuvas dos últimos meses foi responsável pelo retardamento do desenvolvimento das plantas e consequentemente da qualidade do morango produzido na região. Mesmo no período em que seria o auge da safra, o resultado ainda é de uma produção escassa em comparação ao ano passado. As consequências do cenário podem ser vistas no preço do quilo da fruta, que permanece entre R$ 20 e R$ 40, valores acima da média para a época. A Emater ainda realiza levantamento sobre o percentual de quebra na colheita de 2024.
Produtora de morango no 5º distrito de Pelotas, Franciele Neutzling, tem três mil plantas. Em setembro de 2023, os pés produziram mais de 182 quilos da fruta. Neste ano foram colhidos apenas 76 quilos. “Temos semi-hidropônico desde 2019, para mim esse ano é o pior. Porque só tem chuva e morango gosta de sol”, relata.
A produtora conta que há mudas plantadas em abril que até o momento não cresceram, consequência direta do período de chuvas. Já os morangos que se desenvolvem apresentam deformidades e diminuição do sabor. “Em julho de 2023 eu colhi 137 quilos, neste ano foram seis quilos”, compara.
Na safra do ano passado, a produção de Franciele alcançou duas toneladas. Agora ela acredita que a colheita não chegará a mil quilos. “Foi o ano que eu mais colhi morango, para este ano eu nem tenho perspectiva”, lamenta.
Perspectiva de melhora
Conforme informações da Emater, com a mudança do clima, a diminuição da umidade do ar e o aumento da insolação e da temperatura, a tendência é de melhora nas produções de morango, já que a safra pode se estender até dezembro.
Outro fator que também teria atrasado a safra que deveria estar a pleno desde setembro envolve os impasses para a importação de mudas da Argentina no período de plantio. “Essas mudas não chegaram e o pessoal teve que correr atrás para comprar outras mudas. Ao invés de plantarem entre abril e maio, plantaram em junho”, diz Edgar Martin Norenberg, assistente técnico de fruticultura da Emater.
Com isso, o valor do quilo da fruta, que deveria estar entre R$ 12 e R$ 15, ainda não apresentou nenhuma baixa. “Ainda está se mantendo bastante alto e o morango está muito sem sabor porque não teve sol, então tem prejudicado bastante”, avalia.
Valores
Conforme o informativo conjuntural da Emater, os preços da fruta têm se mantido estáveis, oscilando entre R$ 20 e R$ 40. Maiores produtores da região, em Pelotas, o valor do quilo varia entre R$ 20 e R$ 40 e em Turuçu entre R$ 22 e R$ 25.
Já em Arroio do Padre o quilo é comercializado ao preço médio de R$ 25 e em Rio Grande entre R$ 30 e R$ 40.
Por A Hora do Sul
Foto: Michel Corvello