Entre janeiro e setembro deste ano, as denúncias de imagens de abuso e exploração sexual infantil na internet cresceram 84% em comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com a organização não governamental Safernet, que atua na promoção dos direitos humanos na internet desde 2005.
Durante esse período, a Safernet recebeu 54.840 novas denúncias de conteúdos com imagens de crianças sendo sexualmente abusadas. No ano anterior, o número de denúncias foi de 29.809. O presidente da Safernet Brasil, Thiago Tavares, alertou em entrevista à Agência Brasil nesta quarta-feira (25) que essas estatísticas se referem a "novos conteúdos ou novas páginas" que nunca haviam sido denunciadas anteriormente.
Ele apontou que parte desse aumento está relacionada a um novo fenômeno que tem preocupado a Safernet: a venda de "packs" ou pacotes. Essas são imagens geradas por adolescentes e vendidas na forma de pacotes em aplicativos de troca de mensagens, como Discord e Telegram. Geralmente, essas práticas envolvem populações vulneráveis em condições socioeconômicas desfavoráveis, incluindo crianças das classes sociais D e E. Elas produzem imagens íntimas de si mesmas, incluindo nudez e, em alguns casos, manipulam imagens de genitália, introduzindo objetos, e depois vendem ou trocam essas imagens por cupons de jogos e créditos de celular. Tavares enfatizou que os pais geralmente não têm conhecimento ou controle sobre esse fenômeno.
Tavares alertou que imagens e vídeos desse tipo não apenas violam o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), mas também colocam as crianças e adolescentes em risco. "Uma vez compartilhadas, é difícil conter a disseminação e viralização dessas imagens."
Os dados divulgados pela Safernet estão alinhados com informações provenientes de operações da Polícia Federal relacionadas a crimes cibernéticos que afetam crianças e adolescentes. Apenas este ano, foram realizadas 627 operações dessa natureza, representando um aumento de quase 70% em relação ao ano anterior.
Foto: Beliciosa
Renan Ferreira (estagiário sob supervisão de Paola Fernandes)